domingo, 28 de junho de 2009

HOJE NAVEGO EU - Durban - I

Carlton Hotel - O Inicio
Foi numa Sexta-feira em que tudo começou, não tenho preciso na minha memória, mas julgo ter sido da segunda vez que aportámos a Durban.
Há muito que se escondera o sol, quando recolheu a bordo um nosso colega bastante mal tratado, tinha estado no famoso Carlton Hotel, um bar (tipo Cais do Sodré) que funcionava no rés-do-chão do hotel, em que todos os fins-de-semana se organizava bailaricos para as gentes dos arredores ali se divertirem e não só.
Nós marujos de água salgada, também rumava-mos aquelas paragens para confraternizar com as moçoilas lá do sítio, sim elas também se sentiam satisfeitas e orgulhosas por nos consolarem e apagar as nossas tristezas de borla.
Nesse dia o nosso camarada tinha resolvido aparecer só por aquelas bandas, coisa que todos sabíamos que era perigoso, porque além das ditas moçoilas também por lá compareciam os ditos "xulos" e não éramos bem vistos aos olhos daquelas gentes.
Por ciúmes ou por o negócio não lhes estar a correr pelo melhor, devido à nossa permanência por algum tempo na cidade, resolveram dar um correctivo no nosso camarada e assim aconteceu, o moço recolheu à enfermaria do navio para tratamentos.
Como não podia deixar de ser, começou a circular em voz baixa o que era preciso fazer, por certo qualquer coisa, tinhamos que limpar a nossa imagem.
Com a cumplicidade dos sargentos e ensinamentos dos cabos, pessoas peritas na matéria e seguindo os seus ensinamentos, passamos à preparação das operações nesse sábado de manhã.
Primeiro, fazer umas mãozinhas de cabo de aço com uma porca na ponta, pois já sabiamos que os "xulos" andavam de armas brancas e de fogo.
Segundo, uma pequena equipa trajaria à civil, ficaria à porta, a controlar as operações de entrada e para quando a festa começasse não deixaria sair nem entrar mais ninguém, a outra equipe entraria na sala fardada e procuraria sentar-se às mesas de modo a ficar com as costas voltadas para a parede.
Assim foi, colocado os cabos de aço dentro dos bonés, percorremos a cidade em grupos até chegar as horas da abertura do salão de baile.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

N.R.P. Pacheco Pereira - F337 Moçambique - 1969

SETENTA E CINCO ANOS NO MAR
Autor C.M.G. José Agostinho de Sousa Mendes
Comissão Cultural da Marinha – 6º volume – 1991

Ano de 1969
Em 4 de Março, largou com destino à Beira, onde fundeou a 6 de Março, tendo identificado ao largo deste porto o destroyer inglês “Diana”.
Entre 10 e 21 de Março, visitou Nacala e Ibo, tendo dado entrada em Porto Amélia a 21 de Março.
Em 22 de Março, ao largo deste porto, tomou parte na operação “Ovos”, juntamente com a Lancha Fiscalização “Antares”, após o que foi fundear nas proximidades do cabo Mepandagi. Nesta operação foram utilizados botes de borracha em desembarques efectuados pela Unidade de Desembarque do navio.
Em 26 de Abril, nas proximidades da ponta Ulu, o pessoal de bordo visitou o aldeamento de Marere, a fim de contactar a população e orientar as milícias na organização da defesa.
Entre 30 de Abril e 2 de Junho, largou 19 vezes para o mar, tendo dado entrada em Medjumbe, Ibo, Porto Amélia, Nacala, Mepandagi, Tambusi, Palma e Mocímboa da Praia.
Em 5 de Junho, efectuou exercícios de tiro contra a costa, tendo como alvo a língua de areia a Oeste da Ilha de Medjumbe.
Em 8 de Junho, ao largo do porto da Beira identificou os navios de guerra ingleses “Tidesquing”, “Juno” e “Dainty”.
Em 29 de Junho, entre o Ingomaíno e Bazaruto, interceptou 7 arrastões espanhóis, que navegavam de Sul para Norte, encontrando-se a pescar a cerca de 12 milhas da costa.
Em 1 de Julho, regressou a Lourenço Marques.
Em 30 de Julho, seguiu para Durban, onde atracou no dia seguinte, a fim de limpar o fundo e efectuar fabricos ligeiros. Esteve atracado ao cais nº 1 de Maydon Wharf, tendo transferido o combustível em Island View.
Em 13 de Agosto, regressou a Lourenço Marques, atracando a 14 ao cais do Gorjão.
Em 29 de Agosto, desembarcou 2 pelotões com estandarte para tomarem parte nas honras militares e desfile, aquando da cerimónia da deposição de flores na estátua de Vasco da Gama. No momento da cerimónia o navio deu uma salva de 21 tiros.
Em 2 de Setembro, transportou o Destacamento de Fuzileiros Especiais 4 de Porto Amélia para Mocímboa da Praia, tendo posteriormente comboiado a Lancha de Fiscalização Grande “Cimitarra” deste porto para o anterior, onde entraram a 5 de Outubro.
Em 13 de Setembro, fez escolta ao navio de transporte de tropas “Niassa” à entrada e saída de Porto Amélia.
Em 17 de Setembro, detectou a norte de Ibo o rebocador jugoslavo “Uunak”, que rebocava 3 barcaças.
Em 23 de Setembro, pesquisou a costa com 6 botes “Zebro III”, dividindo-se para o efeito em dois grupos. O primeiro percorreu a zona entre Bandaze e a foz do rio Marere e o segundo desde Bandaze até um ponto ao largo da costa, definido nas instruções, no que foi apoiado por uma secção do Destacamento de Fuzileiros Especiais 6.
Entre 1 e 31 de Outubro, largou para o mar 18 vezes, tendo dado entrada em Nacala, Porto Amélia, Ibo, Tambusi, Niuni, Mocímboa da Praia, Palma, ponta Ulu, Messangi e Beira..
Em 13 de Novembro, fazendo base neste último porto, o navio teve comunicações por rádio com um avião PV2, que informou encontrar-se em busca de um bote com náufragos. O avião, em comunicação posterior, disse estar a sobrevoar o bote. A fragata, após ter seguido para o local, recolheu 3 náufragos, que foram desembarcados à entrada do porto da Beira.
Em 18 de Novembro, regressou a Lourenço Marques, onde entrou no dia seguinte.
Em 21 de Novembro, tendo-lhe sido dada por finda a comissão, regressou à Metrópole, com escalas por Luanda e Porto Grande de S. Vicente.Em 19 de Dezembro, chegou a Lisboa, tendo fundeado no Quadro Navios de Guerra e seguido depois, no mesmo dia, para um dos duques d’Alba da Base Naval de Lisboa.

N.R.P. Pacheco Pereira - F337 Moçambique - 1968

SETENTA E CINCO ANOS NO MAR
Autor C.M.G. José Agostinho de Sousa Mendes
Comissão Cultural da Marinha – 6º volume – 1991

Ano de 1968
Entre 7 de Janeiro e 1 de Maio, largou 66 vezes para o mar, regressando sempre ao porto da Beira.
Em 3 de Maio, largou transportando material pesado dos faróis destinado a Porto Amélia, onde chegou a 7 de Maio, depois de ter escalado Nacala.
Entre 15 e 29 de Maio, tomou parte na operação “Novari”, tendo a Unidade de Desembarque utilizado 4 botes “Zebro” e um escaler de bordo.
Executou também uma patrulha ofensiva na área da praia Calugo, a fim de perturbar a organização inimiga nessa área.
Entre 1 e 17 de Junho, largou 17 vezes para o mar, tendo entrado em Mucojo, foz do rio Messalo, Mocímboa da Praia, cabo Iancumbi, Ibo, Nacala, cabo Mepandagi, Tambusi, rochas Sili-Sili, Palma, Mocímboa da Praia, Porto Amélia, sendo alguns destes portos por várias vezes.
Em 18 de Junho, saiu para o mar com a missão de destruir as gamboas assinaladas na praia do Calujo e perturbar a organização político-administrativa IN na área.
Em 22 de Junho, regressou a Porto Amélia, depois de ter fundeado ao largo do cabo Mepandagi e rochas Sili-Sili.
Entre 25 e 29 de Junho, tomou parte na operação “Lingada” e efectuou o transporte de pessoal entre Porto Amélia e Mocímboa da Praia.
Em 4 de Julho, largou para o mar com a missão de efectuar uma patrulha armada na área compreendida entre os cabos Mepandagi e Iancumbi, até 10 Km para Oeste da entrada de Mocímboa da Praia para Marere, a fim de perturbar a organização político-administrativa IN.
Seguidamente participou na operação “Helena”, que terminou a 7 de Julho, tendo regressado a Porto Amélia.
Em 18 de Julho, entrou em Lourenço Marques, depois de ter escalado Ibo e Beira.
Em 22 de Julho, largou para Durban, a fim de efectuar fabricos, tendo atracado neste porto, no dia seguinte, ao cais nº 1 da firma Maydon Warf.
Entre 25 de Julho e 7 de Agosto, manteve-se em doca seca, por não estar livre a doca flutuante.
Em 16 de Agosto, largou para Lourenço Marques, onde atracou no dia seguinte ao cais do Gorjão.
Em 21 de Agosto, voltou para a Beira, continuando na mesma misssão que iniciara em princípios do ano.
Aqui se manteve até 19 do mês seguinte.
Em 20 de Setembro, largou para Lourenço Marques, onde chegou a 22, tendo dado início a novas reparações que foram executadas primeiro pela firma “Barens Slipbuilding and Engineering Corporation Ltd.” Com início em 23 de Setembro e, seguidamente, pelo estaleiro da “Unida”(União Industrial Lda.).
Em 20 de Outubro, após concluídas as reparações, seguiu para a Beira, onde fundeou a 23.
Manteve-se neste porto até 27 do mês de Novembro, tendo dado continuidade à missão que anteriormente lhe fora atribuída.
Em 27 de Novembro, largou para Lourenço Marques, onde chegou a 29, tendo atracado ao cais do Gorjão.
Em 14 de Dezembro, voltou novamente a Durban, tendo chegado a 16 e atracado ao cais da Salisbury Island, a fim de efectuar fabricos nas máquinas e na artilharia.

N.R.P. Pacheco Pereira - F337 Moçambique - 1967

SETENTA E CINCO ANOS NO MAR
Autor C.M.G. José Agostinho de Sousa Mendes
Comissão Cultural da Marinha – 6º volume – 1991

Ano de 1967
Em 26 e 27 de Outubro, realizou experiências de máquinas a navegar, sendo feitas ao largo de Sesimbra.
Entre 14 e 16 de Novembro, voltou para Sesimbra, onde executou novas experiências de máquinas, corridas da milha para elaboração da tabela de velocidades e calibração das agulhas magnéticas, feitas por oficiais do Instituto Hidrográfico.
Em 22 de Novembro, largou para longa comissão de serviço em Moçambique, tendo escalado Porto Grande de S. Vicente e Luanda.
Em 22 de Dezembro, chegou a Lourenço Marques, atracando ao cais do Gorjão.
Em 29 de Dezembro, largou para a Beira, onde chegou a 31 de Dezembro de 1967.
Passou a fazer base neste porto.

sábado, 6 de junho de 2009

N.R.P. PACHECO PEREIRA - F337

DEZEMBRO,19
Incidente ao largo da Beira entre
uma fragata inglesa e um
petroleiro francês durante o
bloqueio de petróleo para a
Rodésia.
Incidente com navios: o caso
Artois
O bloqueio do porto da Beira por
navios ingleses provocou alguns
incidentes. A 19 de Dezembro a
fragata HMS Minerva interceptou o
petroleiro Artois, de bandeira
francesa, que navegava para a
Beira e não fazia parte da lista
autorizada. Apesar da ordem para
parar dada pelo comandante do
navio inglês e do aviso que ia abrir
fogo o petroleiro francês continuou
a sua rota. A fragata inglesa já tinha
disparado alguns tiros quando
recebeu ordem para deixar passar
o navio francês, já este se
encontrava em águas territoriais de
Moçambique.
Intervenção da Fragata Pacheco Pereira
19 DEZEMBRO,1968
Incidente ao largo da Beira entre
uma fragata inglesa e um
petroleiro francês durante o
bloqueio de petróleo para a
Rodésia.
Incidente com navios: o caso
Artois
O bloqueio do porto da Beira por
navios ingleses provocou alguns
incidentes. A 19 de Dezembro a
fragata HMS Minerva interceptou o
petroleiro Artois, de bandeira
francesa, que navegava para a
Beira e não fazia parte da lista
autorizada. Apesar da ordem para
parar dada pelo comandante do
navio inglês e do aviso que ia abrir
fogo o petroleiro francês continuou
a sua rota. A fragata inglesa já tinha
disparado alguns tiros quando
recebeu ordem para deixar passar
o navio francês, este já este se
encontrava em águas territoriais de
Moçambique.
Durante a contenda o Comandante da fragata
inglesa enviou mensagem via morse luminoso
para o nosso Comandante
( ESPERO QUE TENHAMOS UM BOM DIA )
o nosso Comandante retorquiu enviando como resposta
( DEPENDE DE VOCÊS ).
Ainda hoje se comenta durante o nossos reencontros

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Moçambique - Beira


Passeando a 4 de Janeiro de 1968 pela Beira

Moçambique - Beira


Piscina do Grande Hotel na Beira