segunda-feira, 27 de julho de 2009

HOJE NAVEGO EU - O Táxista

Já próximo do fim da comissão, e estando atracados no longínquo cais da cidade da Beira, resolvi com um camarada ir dar umas curvas lá para o lado do aeroporto.
Jantámos na cidade e fomos ao cinema, no regresso ao navio apanhámos um táxi, nada de outro mundo a não ser o comentário do motorista.
Vocês são da Pacheco Pereira? Disse o dito condutor, ao que respondemos em conjunto, sim somos, marujos da fragata Pacheco Pereira. Como a distância até ao navio ainda era boa deu para entabular conversa.
Conversa puxa conversa e o dito sai-se com esta: É pá, um vosso oficial meteu-me numa carga de problemas com a P.I.D.E. que ainda hoje não durmo descansado. Então o que foi? Perguntei eu. (já sabendo da missa que mais tarde vos conto)
Fui abordado pelo senhor dizendo que era oficial da Marinha de Guerra e que tinha de ir à Rodésia tratar de assuntos oficiais, se aceitava transportá-lo? Aceitei pois tratava-se de um trabalhinho que não podia recusar.
No dia e hora combinada lá estava junto do navio, o oficial saiu à civil entrou dentro do carro e fomos direitos à fronteira, tudo correu normalmente, até ao meu regresso.
Passados uns dias, tenho dois tipos a baterem-me à porta de casa para que eu os acompanhasse, identificaram-se como sendo polícias e levaram-me.
Interrogaram-me sobre quem era a pessoa que tinha transportado no táxi até à Rodésia o que lá teria ido fazer e eu expliquei-lhes tudo timtim por timtim, mas não acreditavam em mim, às vezes ainda não tinha acabado de falar já estavam a malhar, durante um mês não me largaram, quase todos os dias lá tinha que ir prestar declarações e receber umas quantas porradas no lombo, que sorte a minha, onde me teria metido.
Passado uns tempos lá acreditaram em mim e até me propuseram que eu colaborasse com eles, não fui em conversas.
Chegámos ao nosso destino despedindo-nos do pobre taxista, pedindo desculpa pelo sucedido, retribuiu com a borla da viagem em que agradecemos.

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